Em SP, o excesso de mortalidade por causas naturais1 em 2020 foi mais que o dobro entre negros: o estado de São Paulo, em que 40% da população é negra (preta e parda), apresentou o maior número de óbitos em excesso e a maior desigualdade entre as populações branca e negra. Nesse ano, a mortalidade aumentou para ambas as raças/cores, mas, entre negros, a situação foi pior: os aumentos chegaram a 25,1% – 1 Mortes por doenças são óbitos causados por doenças ou mau funcionamento interno do corpo. Nessa classificação estão incluídos óbitos por COVID-19 e demais doenças respiratórias. Ou seja, não estão incluídos os óbitos por causas externas como traumatismos e lesões por consequência imediata de violência ou outra causa externa.
Enquanto para brancos, foi de 11,5% (Tabela 1, p. 8). Esse é um resultado alarmante se comparado aos valores esperados e, mais grave ainda, ao se considerar que a população negra paulista é mais jovem do que a população branca (Gráfico 1, p. 9).
Para jovens negros, o valor é quase 4 vezes maior; para idosos negros, o dobro: também foi possível concluir que a desigualdade racial entre menores de 29 anos foi ainda mais acentuada, apresentando excesso de mortalidade entre negros quase 4 vezes maior do que entre jovens brancos. Entre idosos, a diferença foi de duas vezes, comparando negros e brancos da mesma faixa etária (Gráfico 3, p. 10).
Intersecção entre gênero e raça/cor: o excesso de mortalidade de mulheres negras foi duas vezes o de mulheres brancas. No caso de homens negros, o valor foi duas vezes maior, se comparado ao da mortalidade de homens brancos. Homens tiveram excesso de mortalidade mais elevado do que mulheres, porém a maior desigualdade entre os óbitos está na raça/cor (Gráfico 4, p. 11).
Excesso de mortalidade da população negra: este foi o tema em que foi identificada a menor quantidade de ações efetivamente tomadas, sobretudo por órgãos governamentais, para sanar a questão, ainda que indicações de políticas públicas tenham sido feitas ao longo de todo o ano de 2020 (pp. 14-16). Além disso, na mídia, falou-se continuamente sobre a assimetria de mortes entre negros por Covid-19 e desigualdades no acesso à saúde, sendo esse um dos quatro temas mais recorrentes em um monitoramento de notícias realizado pelo Afro-Cebrap (pp. 16-19). Mesmo assim, pouco foi feito e o cenário ainda demanda ações.
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